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Brainspotting

  • Writer: Michael Oliveira
    Michael Oliveira
  • Jun 28, 2024
  • 3 min read

O Brainspotting (BSP) é uma abordagem psicoterapêutica inovadora que recorre ao campo de visão para identificar posições oculares (posição do olho ou olhos que o/a paciente vai fixar, durante a terapia) que se encontram relacionadas com experiências emocionais. Através da localização destes pontos, denominados de Brainspots, é possível dar-se o processamento dos problemas ou dificuldades que a pessoa reporta e que se encontram em áreas profundas do cérebro (sistema límbico).



Descoberta do Brainspotting


Em 2003 David Grand desenvolveu o BSP quando tratava uma patinadora de gelo com ansiedade de desempenho. 


Foram utilizadas várias técnicas de intervenção psicoterapêutica, no entanto, nenhuma delas com sucesso, continuando a paciente incapaz de realizar o salto triplo (elemento obrigatório). Contudo, terapeuta e paciente compreenderam que as dificuldades se encontravam relacionadas com traumas (rejeição materna, lesões, falhas e humilhações). 


Face a este bloqueio, o terapeuta solicitou que a patinadora imaginasse estar a realizar o salto e percebeu que os olhos da jovem ficavam parados numa posição especifica (do campo visual), levando a que o terapeuta solicitasse à jovem que mantivesse o olhar nessa posição visual (o terapeuta ajudou-a a fazer isto, recorrendo aos seus próprios dedos, que manteve na posição referida). 


Nos minutos seguintes uma vaga de processamento do trauma ocorreu. Isto é, na mente da jovem, surgiram várias situações de natureza traumática que a patinadora referira estarem superadas (pelo menos a um nível consciente, mas certamente não a um nível mais profundo). Estas situações foram ativadas e processadas através deste método.


Na manhã seguinte a jovem incrédula, contactou o terapeuta e referiu ter executado a fatídica manobra repetidamente sem qualquer falha e nunca mais apresentou problemas com este salto.




Desenvolvimento do Brainspotting


Nos meses seguintes o autor aplicou este procedimento e percebeu que ao realizar o rastreamento ocular horizontal ao nível dos olhos, parando quando existia resposta reflexa por parte dos/das pacientes o processamento da dificuldade era aprofundado e acelerado. Assim sendo, passou a designar os pontos do campo visual que permitiam ter acesso a determinadas localizações cerebrais, associadas a situações ou dificuldades de natureza traumática, de Brainspots. Continuou a aplicar a técnica e acumulou uma considerável quantidade de informação, em termos de diagnósticos, histórias e sintomas que lhe permitiram de forma confiante concluir que esta abordagem era um sucesso na “cura” emocional.


Na prática:


Está técnica apresenta várias etapas que ajudam a determinar o/s brainspots (posição/posições dos olhos):


  1. Ativação do /a paciente - as dificuldades apresentadas são exploradas permitindo que as emoções possam, de forma espontânea, surgir;

  2. Determinação das Unidades Subjetivas de Desconforto (SUD) - de 0 a 10 compreender o grau de ativação da pessoa

  3. Identificação da ativação no corpo - orientar a pessoa a localizar onde a ativação se encontra no corpo;

  4. Recurso à Janela Externa ou Janela Interna:

  5. Janela Externa - atividade reflexa observada externamente pelo terapeuta (exemplo: espasmo; pestanejar).

  6. Janela Interna - atividade reflexa sentida internamente pelo paciente.




Modelo de Sintonia Dual


O BSP combina a sintonia dual - relação entre terapeuta e cliente - e sintonia neurobiológica

- localização do brainspot através da posição ocular e resposta reflexa do/da paciente. Como tal, esta técnica é conceptualizada como uma ferramenta neurobiológica para apoiar a relação terapêutica. Nada substitui uma relação terapeuta sólida de confiança, já que se procura ajudar uma pessoa que está em sofrimento, através da escuta ativa e da compreensão incondicional. O BSP é uma ferramenta que permite, dentro da relação terapêutica, localizar, focar e processar neurologicamente experiências e sintomatologia não acessível de forma consciente.



Neurofisiologia


Então, o BSP é um “subsistema neurofisiológico” que tem correspondência emocional sob a forma de memória (explícita e implícita) no cérebro, apresentando também correspondência: Externa: através da posição ocular - o olho é uma extensão do cérebro com cerca de 125 milhões de recetores que são sensíveis à luz e capazes de geral um impulso elétrico que é conduzido até ao cérebro; Interna: através da vivência da emoção (e respetivas sensações) no corpo.


Para onde olhamos, afeta o que sentimos.


Os mecanismos subjacentes ao BSP ainda não se encontram totalmente compreendidos, no entanto, estão a decorrer vários estudos neste sentido.


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